Com a inflação perto de 9% nos últimos
12 meses, é interessante examinar alguns preços que afetam mais intensamente o
mercado segurador.
Entre janeiro
de 2012 e maio de 2015, a inflação do IPCA foi de 25,7%. Esta taxa representa a
elevação média de preços na economia brasileira e é calculada a partir de
preços de bens e serviços representativos do consumo das famílias com
rendimentos mensais entre um e quarenta salários-mínimos e residentes nas áreas
urbanas.
Isto significa
que alguns preços aumentaram acima da média, pressionando a inflação do IPCA
para cima, enquanto outros evoluíram abaixo da média, pressionando a inflação
para baixo.
Como mostra a
tabela, entre 2012 e 2015, dentre os que pressionaram a inflação para cima
estão os itens “aluguel e taxas”, “reparos” e “consertos e manutenção” com
altas respectivas de 32,4%, 30,8% e 29,1%. O primeiro é importante para o
seguro de fiança locatícia e pode explicar o encarecimento desse produto. Os
outros influenciam o custo dos serviços de assistência que integram as
coberturas dos seguros multirriscos residenciais, condominiais e empresariais.
No caso de
transporte, é evidente o crescimento moderado de diversos preços relacionados
aos veículos próprios entre 2012 e 2015: os preços dos veículos novos subiram
apenas 7,24%, o mesmo ocorrendo com acessórios e peças (16,8%). Daí que os
prêmios dos seguros facultativos de automóveis tenham se elevado apenas 7,5%
nesse período, apesar do acréscimo de 29,1% nos preços de consertos e
manutenção, itens importantes para as indenizações de danos por colisão.
Os preços
relacionados à saúde e cuidados pessoais afetam os seguros e planos de saúde e
estes, parcela crescente da população em busca de melhores opções de
atendimento que o SUS.
Vemos, pela
tabela, que tais seguros e planos de saúde tiveram, em média, alta de 33,3%
entre 2012 e 2015, logo, acima da inflação da economia. Porém, a tabela indica
que tal alta está mais correlacionada com o aumento dos preços dos serviços
médicos e dentários do que com a alta dos preços de medicamentos, exames e
serviços hospitalares.
De fato,
conforme o IBGE, entre 2012 e 2015, a inflação de serviços médicos e
odontológicos foi de 42,8% e 35,1%, respectivamente, percentuais superiores à
alta dos preços de produtos farmacêuticos (20,5%), produtos óticos (17,4%),
exame de laboratório (16,9%), exame de imagem (27,3%), hospital e cirurgia
(26,4%) e também da remuneração dos trabalhadores do setor privado com carteira
assinada (24,4%).
Importante
notar que as variações de preços de planos de saúde são afetadas também por
outros fatores além dos preços de consultas e materiais como, por exemplo, o
aumento da frequência de uso dos recursos médicos pelos associados dos planos,
desperdícios e desvios na cadeia produtiva do setor, incorporação de novas e
caras tecnologias e regulações governamentais.
A evolução dos
rendimentos do trabalho afeta toda a economia e, portanto, é também fator
relevante para o mercado de seguros. A tabela mostra a evolução dessa variável
entre 2012 e 2015. Segundo o IBGE, os rendimentos dos trabalhadores do setor
privado sem carteira assinada subiram 41,2% e os dos trabalhadores por conta
própria, 33,7%, portanto, muito acima da inflação e em contraste com a alta dos
rendimentos dos trabalhadores do setor privado com carteira assinada, de 24,4%,
ligeiramente inferior ao acréscimo do IPCA.
Junto com o
aumento no volume do emprego, isto ajuda a explicar elevação de 36% das
despesas administrativas anuais das seguradoras reguladas pela Susep entre 2012
e 2014. Na medida em que contratam trabalhadores assalariados e não
assalariados, a forte alta dos rendimentos desses últimos, referida acima, não
poderia deixar de se refletir nos balanços das seguradoras. O mercado
segurador, entretanto, tem conseguido manter sua rentabilidade por meio de
ajustes nos prêmios, com base na sinistralidade, e pelo forte acréscimo das
receitas financeiras obtido pela aplicação de suas provisões no mercado de
capitais.
Para os
próximos meses, tendo em vista que a economia continua em processo recessivo, é
possível projetar aumentos mais brandos de salários e preços de serviços e,
portanto, menos pressão desses itens nos reajustes de prêmios de seguros,
particularmente, nos ramos elementares e dos planos e seguros de saúde.
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